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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Projeto Docência Compartilhada

Ao final do ano 2010, surgiu a idéia de construir um Projeto de Docência Compartilhada para a Escola Fátima, na tentativa experimental de implementar uma nova ação pedagógica baseada em outras experiências da Rede Municipal de Ensino.
Lamentavelmente o Projeto não foi aprovado pela Assessoria Pedagógica da SMED/POA, mas valeu a tentativa e a intenção de propor construir uma história diferente em busca da Inclusão.
A integra do Projeto está postada abaixo.

Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Fátima








PROJETO DOCÊNCIA COMPARTILHADA: Mudando as coisas de lugar e abrindo novos caminhos de inclusão na Escola Nossa Senhora de Fátima





                            Professoras: Andréia Gularte Guerim
                                       Maria Aparecida Viale Pinheiro





Porto Alegre, 23 de novembro de 2010





DADOS DE IDENTIFICAÇÃO:

Escola Municipal de Ensino Fundamental Nossa Senhora de Fátima
Professoras: Andréia Gularte Guerim -  Matrícula nº 349220
                      Maria Aparecida Viale Pinheiro – Matrícula nº  267275  
Ano: 2011
Ciclo: II
Turno: Tarde

                          “Penso que não corremos o risco  de chegar à barbárie porque há muito vivemos na barbárie. E devemos educar contra ela.Educar contra a barbárie significa recuperar a história e as histórias guardadas e esquecidas, estabelecendo uma outra relação com atradição, significa colocar o presente numa situação critica e compreender que o passado não precisaria ter sido o que foi, o presente pode ser diferente do que é, que,portanto,é possível mudar o futuro.(Kramer, apud Carvalho,2002,p.169)”

JUSTIFICATIVA:
            Este projeto surge da necessidade e do desejo de transformar a realidade existente em nossa Escola, em uma nova prática de inclusão que possibilite a mobilidade das turmas, descaracterize a imagem da turma de progressão e o engessamento das turmas regulares, garantindo o direito de aprender que é de todos. Tal proposta está prevista no Regimento da Escola Municipal Nossa Senhora de Fátima.
           
            Espelha-se em outras práticas e experiências que estão sendo realizadas em nossa Rede Municipal de Ensino.
           
            O príncipio 31 do Congresso Constituinte Escolar, da SMED, prevê a “Reorganização do tempo e espaços da escola, de forma global e totalizante, que garanta o ingresso e a permanência do aluno na escola e o acesso ao conhecimento nela produzido”.

Dizer que todos tenham acesso à Escola não significa o fim das barreiras discriminatórias, mas sim seu deslocamento em direção ao interior da própria instituição escolar.

Podemos criar uma forma transparente de excluir quando entendemos que determinados sujeitos estão dotados das condições necessárias para conviver com os incluídos, só que numa condição inferiorizada.

Quando se sentem realmente incluídos num grupo com características próprias, acreditamos que a questão da condição social fica menos dramática, menos incômoda, menos importante.

A turma de progressão tem características próprias, que necessitam de um olhar diferenciado para que os alunos possam encontrar a alegria de aprender e a necessidade de um trabalho coletivo, onde a coerção dá lugar à cooperação, onde cada um consegue expressar sua maneira de pensar, de sentir, de agir, de ser.

Como é difícil trabalhar com eles a idéia de que as coisas não estão determinadas; elas podem, devem ser modificadas, é a possibilidade.

Enfrentamos muitas dificuldades, convivemos com a resistência e a indignação de quem sofre com o contraste cruel da vida que seleciona que coloca num lugar de estagnação “determinando” as possibilidades de uma forma limitada, porque a dimensão de tudo que diz respeito a vida está muito ligado a capacidade que cada ser humano tem de acreditar e ir em busca; só que é muito difícil poder vivenciar situações em que o aluno se veja como um sujeito de direitos, de ações, de rituais, de competências, de habilidades e principalmente de desejos.

É a importância de cada um como sujeito, trabalhando na  transformação dos rumos  na Escola, na sociedade...

“Ensinar exige compreender que educação é uma forma de intervenção no mundo (Paulo Freire,1996,p.110)”

A inclusão é um processo complexo e permanente que envolve a escola e a comunidade. Exige a problematização das concepções de ensino e aprendizagem, currículo e avaliação e a disponibilidade para aprender novas formas de organizar o contexto educativo com vistas a possibilitar a permanência e a aprendizagem do aluno.

É preciso arriscar a construir o novo e, como professores, não podemos temer o risco que esta transformação e este exercício implicam. Precisamos provocar mudanças nas relações e na nossa prática cotidiana, dando espaço para que outras coisas entrem no nosso trabalho, traçando caminhos entre as impossibilidades.

Não defendemos aqui a idéia de que tudo fique solto, defendemos sim que seja construído coletivamente uma nova cultura de trabalho, que possa transpor o modelo que está consolidado. O caminho da aprendizagem será através do diálogo e escuta, permeados por mecanismos de respeito, que promova o debate e o embate a procura de formas que garantam direitos, que humanizem as relações, os tempos e espaços pedagógicos na Escola.

A questão da organização do tempo na Escola deverá ser pensada por uma lógica diferenciada, permitindo que as professoras possibilitem diferentes ritmos, freqüência, rotinas...

“Só existe um antídoto para a rotina: sonhar: quem tem sonhos encontra forças para dar o seu máximo”(Eduardo Tevah)

A docência compartilhada pressupõe a atuação de dois professores na mesma turma partilhando da reflexão e da prática pedagógica num trabalho de cooperação e articulação da prática em sala de aula.

O professor é o leitor das diversidades que entende o fracasso como momento, vê e escuta os anseios dos alunos.

Partindo desta idéia, o currículo e a avaliação passam a ter outra configuração que deixa de girar em torno dos conteúdos e da medição do que foi assimilado para gerar aprendizagens significativas.

O currículo é uma construção coletiva que precisa ser descontextualizada e recontextualizada, que passa a ser significativo porque interfere diretamente nas pessoas.

É necessário romper com o processo fechado dos conteúdos, pois estes, carregam inúmeras dificuldades, despindo-se desta prática, nos abre para discussão das possibilidades e a superação  das mesmas.

“Sair da sala de aula, esquecer por algum tempo o lápis e o papel, recorrer à dança, ao jogo,à musica e a própria história de vida do aluno são recursos pedagógicos valiosos”(Elvira de Souza Lima)

A ciência nos ajuda a entender que o cérebro é ativo, complexo e flexível; é plástico e se modifica... que brincadeiras, histórias...e muito afeto promovem milhares de conexões neuronais...que a música tem grande importância para promover mudanças...que o cérebro se desenvolve por toda a vida...que a aprendizagem muda o cérebro e o cérebro muda a aprendizagem...e principalmente que o sistema nervoso precisa de estímulo.As emoções são fundamentais e essenciais para o nosso sistema nervoso... o cérebro é exigente e adora novidades.

A adolescência é um período de dramáticas transformações, onde o cérebro é influenciável. Vivenciar situações hipotéticas, dramatizações, música, pintura e dança entre outros, ajudam a organizar o hemisfério direito.

Cuidado, afeto e oportunidade nos dão condição para aprender.

“A vida de uma pessoa não é o que lhe aconteceu, mas o que recorda e como recorda.”(Gabriel Garcia Marquez)

Somos sempre o resultado de todas as nossas relações e afetos vividos no decorrer da vida, através do mundo físico e social que nos rodeia, possibilitando-nos “construir” reflexões, imagens, recordações e permitindo que os nossos conhecimentos possam ser continuamente ressignificados.

O fracasso da nossa cultura reflete uma infância e adolescência roubadas da vontade de saber, de experimentar, de ser alguém sempre, já, vivenciando cada fase da vida.

“Todo o ser humano é capaz de aprender! Se não está sendo, tem de ser ajudado e não rotulado ou excluído! (Celso Vasconcelos)

Pensamos uma proposta pedagógica baseada no letramento, na pedagogia e no currículo diferenciado, no uso de diferentes tecnologias e materiais, no lúdico, no respeito às diferenças, necessidades, interesses e fases do desenvolvimento, alicerçadas na defesa da construção da autonomia, criatividade, criticidade, autoria e subjetividade de cada aluno, fortalecendo as relações humanas, valorizando a história de vida e as experiências de cada um, construindo conhecimentos e valores.

“Se as crianças não podem aprender do jeito que ensinamos, temos que ensinar do jeito que elas aprendem (Einsten)”

É preciso compreender e acreditar nas diferentes inteligências.

“[...] potencial biopsicológico para processar informações que pode ser ativado num cenário cultural para solucionar problemas ou criar produtos que sejam valorizados numa cultura”(GARDNER,2000,p.47)

A escola em geral prioriza as inteligências lingüística e lógico-matemática. Cabe a nós professores problematizar isto, sempre que esta lógica for seletiva e excludente valorizando competências e habilidades, para além dos conteúdos formais instituídos.

Para viabilizar o desenvolvimento deste Projeto “a escola e a família devem construir uma relação de parceria e respeito, estabelecendo os papéis que competem a cada uma, buscando a participação e o comprometimento de todos os segmentos” (SMED- Princípio 91)

Neste sentido, o papel da família é fundamental para garantir o ingresso e a permanência do aluno na escola, além de responsabilizar-se pela freqüência na aula e nos atendimentos necessários ao sujeito, como a S.I.R., por exemplo.

O núcleo familiar deve estar comprometido com a aprendizagem participando da escola e possibilitando ao aluno as condições necessárias, que lhe cabem, para aprender, desenvolvendo suas habilidades e competências.


OBJETIVO GERAL:

Garantir a docência compartilhada, ou seja. dois professores juntos desenvolvendo ações em uma mesma turma, a fim de promover a inclusão dos alunos, através de um trabalho diferenciado  que dê conta das inúmeras lacunas geradas pelas questões sociais,familiares e de exclusão, as quais são submetidos diariamente, nos diferentes grupos que integram.


 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Integrar o trabalho da turma ao Plano Político Pedagógico e Regimento da Escola.

  • Reafirmar parcerias com outros setores da Escola como o SOP, SOE e SIR.

  • Promover ações integradas entre o trabalho da sala de aula com o Laboratório de Aprendizagem e volância, potencializando o planejamento e o desenvolvimento  da ação educativa.

  • Construir coletivamente os princípios de convivência do espaço educativo.

  • Criar e fortalecer uma relação positiva com os educandos trabalhando no resgate da auto-estima.

  • Planejar atividades que desafiem o pensamento, fazendo com que o aluno (re)pense e (re)organize as idéias para alcançar novas aprendizagens.

DESENVOLVIMENTO:

O projeto será desenvolvido ao longo do ano 2011, em turma de B30, constituída por no máximo 20 alunos, os quais apresentam lacunas, defasagens e/ou ritmo diferenciado para aprender, com necessidade de permanência no 2º ciclo, para além dos três anos mínimos, com histórico escolar que aponta a passagem por turmas de progressão ou transição em diferentes ciclos, além de ter sido encaminhado e/ou frequentado laboratório de aprendizagem e a S.I.R.

Propõe incluir a turma nas diferentes atividades e projetos da Escola, no turno e contraturno escolar, construindo uma organização dos espaços e tempos mais flexíveis e diferenciados para atender as necessidades imediatas e despertar o desejo em aprender.

Potencializa as ações pedagógicas num trabalho interdisciplinar que requer momentos coletivos de planejamento dos professores e envolve todos os setores da Escola.

Requer a compreensão de que a escola tem que estar imbuída pela inclusão e promover condições reais de viabilizá-la.

AVALIAÇÃO:

            A avaliação se dará de forma permanente, ampla e diversa com a função de nortear o aluno, não classificando-o, mas propiciando novas possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem.










2 comentários:

  1. Minha Amiga e grande parceira Andréia!!
    A elaboração deste projeto possibilitou-nos registrar um pouco dos nossos sonhos.Sonhos estes, que carregam junto a vontade de SOMAR esforços na busca de uma Escola mais INCLUSIVA.
    A socialização deste projeto através do blog, representa a possibilidade de ganharmos mais adeptos nesta caminhada e quem sabe um dia, A CONCRETIZAÇÃO DESTE SONHO!!!!
    Enquanto esperamos... continuaremos fazendo a DIFERENÇA com o nosso trabalho, que já contempla o respeito por todos os meninos e meninas que cruzam o nosso caminho!!!!
    Muito obrigado, pelas inúmeras oportunidades de colocar em prática uma VERDADEIRA PARCERIA!!!
    Parabéns pelo TRABALHO MARAVILHOSO que desenvolves em todos os lugares!!!!!
    Cida.

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  2. Querida!!!!!!!!!!!!!!
    Parabéns pela iniciativa!!!!!!!!!!
    Conte comigo!!!!!
    Um abraço, Anna Cristina

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