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domingo, 5 de junho de 2011

Tecnologias Assistivas: abrindo portas e janelas para a vida real

Escrevi este texto, para uma atividade do Curso de T.A. que estou realizando.
A  proposta era contar minha experiência utilizando Sistema DOSVOX. 
Partilho minha reflexão com vocês.


Outro dia, assisti no noticiário de uma grande Emissora de Televisão, uma reportagem sobre a preocupação dos organizadores do espetáculo nacional “A Paixão de Cristo”, que neste ano, implementaram ações para que a pessoa com deficiência possa participar de toda a encenação, inclusive disponibilizando acompanhantes para conduzi-las pelo tempo de duração da representação.
Fiquei encantada ao ouvir que a pessoa com deficiência visual, por exemplo, receberá um aparelho onde poderá acompanhar a narração em tempo real de tudo o que estiver acontecendo.
Nas imagens mostradas e no depoimento das pessoas lá presentes, era possível perceber o quanto estavam contentes pela oportunidade nunca antes oferecida.
Uma reportagem deste tipo, em Rede Nacional e em horário nobre, me faz pensar que estamos sim passando por um processo de transformação social, do qual estamos participando ativamente e que resulta de um processo histórico de luta por direitos.
Por outro lado, demonstrou o quanto desconheço os recursos de tecnologia voltados aos PNEEs, ou Tecnologias Assistivas, bem como o modo de utilizá-las.
Ao realizar a leitura do texto de Andréa Poletto Sonza, sobre Tecnologias Assistivas para Deficientes Visuais e ao deparar-me com a frase  que ela escolhe para iniciar sua reflexão:“ O contato e o uso das ferramentas para algumas pessoas pode ser opcional e casual, para outras, necessário, mas para outras ainda, é imprescindível, abrindo-lhe portas, ou talvez apenas janelas, para um convívio mais respeitoso e satisfatório com seus semelhantes.” de Luisa Hogetop e Lucila Santarosa, fiz uma conexão direta com a reportagem citada e fiquei imaginando quanto o avanço tecnológico aliado a garantia dos direitos da pessoa com deficiência, podem abrir portas e janelas para a vida real e possibilitam uma caminhada mais justa na construção da cidadania.
Minha reflexão a partir do exercício utilizando o Sistema DOSVOX e o comparativo entre este recurso e o Teclado Digital, parte do exemplo citado e da convergência com as idéias das autoras citadas.
Considero, talvez por minha formação, experiência na área da educação e/ou por meus princípios de vida, impossível fazer um comparativo entre dois recursos da Tecnologia Assistiva sem incluir o sujeito nesta análise.
Do mesmo modo, entendo que cada caso é um caso e por isso, a facilidade ou dificuldade em utilizar os dois recursos em questão, dependem da necessidade individual de funcionalidade deste instrumento.
Ao realizar a atividade com o Teclado Virtual, colocando-me no lugar de uma pessoa deficiente que necessitava utilizá-lo, tive dificuldades bem menores do que ao fazer uso do Sistema DOSVOX.
O DOSVOX é um sistema operacional para computadores, que se comunica com o usuário por síntese de voz. É totalmente Nacional, de fácil instalação e utilização. Sua principal limitação está ligada ao acesso à internet, uma vez que muitas páginas ainda estão recheadas de ilustrações que dificultam o entendimento por parte da pessoa com deficiência visual.
A impossibilidade de usar o teclado do computador foi mais fácil de lidar do que a limitação visual. Esta gerou em mim uma enorme insegurança e aflição.
Para digitar a frase “ Os pontos Braille  são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos para germinação do saber” ( Helen Keller), por várias vezes me senti desestabilizada e precisei realizar correções. Foi uma atividade que exigiu muito mais tempo do que a anterior. Destaco a beleza contida nesta frase, escrita não por quem estuda o assunto, mas por quem vive a experiência.
No referido texto de Andréa Poletto Sonza, encontramos outros recursos de Tecnologia Assistiva para defientes visuais a maioria dos quais eu não conhecia.
Quando pequena, sempre fiquei imaginando como seria para uma pessoa deficiente visual construir sua idéia sobre o mundo, e todas as coisas. Inúmeras vezes, fechei os olhos e brinquei de jogos sensoriais (de toque), mas o escuro, sempre me intrigou muito mais do que o resto todo. Penso que isso se deva ao fato de eu ter enxergado como é o claro e a partir disto ter feito minha escolha por ele.
Para quem tem a possibilidade de enxergar, de conhecer as cores, de ver a beleza da natureza e de ler entre outros, parece que os olhos são a maior possibilidade de aprender. Sabemos que não é assim, que todos os nossos sentidos são igualmente importantes, mas confesso que o escuro (aquele que eu conheço) me deixa um tanto aflita.
Gostei muito do que diz CAMPBELL sobre a importância da tecnologia para a pessoa deficiente visual, destacando que “a tecnologia em si não é a solução” e a necessária harmonia entre as partes (citando o exemplo do banco com três pernas). Eu diria que esta constatação é extensiva a todo e qualquer tipo de deficiência, o que pudemos aprender em leituras anteriores quando dito que a Tecnologia Assistiva deve ser pensada para cada sujeito, dependendo de suas limitações e dificuldades. É na interação que se produz o resultado em benefício da pessoa.
Destaco também as idéias de MONTEIRO, quando diz que a tecnologia é uma ferramenta e que mais importante que tê-la é o saber fazer e “ ...só saberá fazer aquele que conseguir aliar o conhecimento à prática, o bom censo e a criatividade.”, cabendo ao mediador o papel de oportunizar o acesso a tecnologia oferecendo real possibilidade de uso.
Entre tantas idéias, relatos e experiências, este curso tem oportunizado grandes aprendizagens e descobertas sobre Tecnologia Assistiva e Inclusão.
Acredito que precisamos de mais espaços de formação, de troca e de  divulgação das Tecnologias Assistivas, a fim de socializá-las, capacitando os professores sobre como fazer para que o acesso a estes recursos seja cada vez mais democrático, independentemente da classe social.
       


       
         

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